A Lusofonia em Timor-Leste: entraves para uma emancipação linguística timorense

Alexandre Cohn da Silveira Instituto de Humanidades e Letras - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (IHL-UNILAB), BRASIL

O presente trabalho, situado no campo das Políticas Linguísticas críticas (MAKONI; PENNYCOOK, 2006 ; RAJAGOPALAN, 2013; RICENTO et al, 2015; SPOLSKY, 2004), parte da construção histórica do discurso da lusofonia como projeto internacional advindo das invasões portuguesas no mundo e abarcando instituições da modernidade, como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) enquanto bloco político e econômico. Percebe-se que as políticas de uma colonização linguística (MARIANI, 2004) organizadas no passado orientam, atualmente, políticas linguísticas opressoras – sobretudo no contexto africano e em Timor-Leste – e que operam práticas impositivas e excludentes, favorecendo o preconceito linguístico (BAGNO, 2002) bem como promovendo um racismo linguístico (NASCIMENTO, 2019). O “sonho lusófono” (LOURENÇO, 2001), a “utopia ou quimera” (FARACO, 2012) mantém um caráter dominador imperialista nada amistoso, inculcando (COUTO, 2005) no imaginário coletivo um sistema de hierarquias linguísticas incoerente e discriminatório, impedindo uma emancipação, inclusive linguística, dos povos historicamente subalternizados. Percebe-se que, em certa medida, a ação da lusofonia consiste em obstáculo para uma emancipação linguística e identitária de Timor-Leste.

Keywords: Políticas linguísticas; lusofonia; colonialismo linguístico; Timor-Leste