Colóquio Internacional TLSA-PT

Timor-Leste:A Ilha e o Mundo

7 a 11 de setembro 2020Colóquio Online

Da poesia à narrativa do sofrimento das mulheres timorenses em Mar Meu (1998), de Xanana Gusmão

Andreia Pereira da Silva Faculdades Integradas do Norte de Minas (FUNORTE), BRASIL-MINAS GERAIS; Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), BRASIL

Os poemas do livro Mar Meu (1998), de Xanana de Gusmão, que liderou a resistência do Timor-Leste contra a ocupação indonésia, são apresentados como fragmentos da memória de um autor que vivenciou a experiência dos traumas, da diáspora, da barbárie e da violação do direito à vida e à liberdade. Para além de versos autobiográficos, a poesia de Xanana é a voz coletiva do povo timorense, incluindo, nesse contexto, as mulheres. Em Mar Meu (1998), não há omissão quanto à violência sofrida pela mulher timorense. Mesmo quando não há referência explícita às mulheres, a luta pela liberdade delas faz-se presente. Em “Geração”, último poema do livro, essa luta renasce como uma exortação de que resistir deve ser sempre uma constante. Corroboram esse entendimento e contribuem para esta comunicação estudos de pesquisadores como Almeida (2017), Amal (2002), Amarante (2010), Forganes (2002), os quais se dedicaram a investigar os capítulos em que as mulheres também foram protagonistas da história do Timor. A partir dessas leituras e de outras inferências, esta comunicação visa, desse modo, elucidar o retrato da mulher na poesia xananiana, sobretudo das mulheres timorenses. Conclui-se que o poeta, para reverberar a violência contra a mulher à época da invasão indonésia, elabora um projeto de escrita sustentado na estratégia de não só denunciar, mas revelar para a comunidade internacional tudo o que não poderia ser esquecido.

Keywords: violência, mulher, poesia, resistência, Timor-Leste