Formas de vida e Timor-Leste: representações sociais e culturais em discursos timorenses

Alexandre Marcelo Bueno Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), BRASIL
Regina Helena Pires de Brito Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), BRASIL

A ilha de Timor-Leste é a consequência de diferentes fluxos coloniais que impuseram, algumas vezes de forma bastante violenta, diferentes sentidos aos grupos sociais locais em diferentes momentos históricos. Frequentemente é observada na cultura timorense elementos discursivos que indicam a manutenção de um princípio de diversidade que constitui a nação desde tempos míticos (como o mito de sua origem, por exemplo). O objetivo deste trabalho é refletir, a partir da noção de formas de vida utilizada pela semiótica discursiva, como se pode contribuir para o exame de uma cultura que articula línguas e sentidos vindos de fora, que não são simplesmente cópias completas. Pelo contrário, são absorvidos e se transformam para criar uma outra identidade, com traços mais locais, mas sem desconsiderar influências exteriores. Assim, analisaremos uma versão do mito de origem da ilha, assim como trechos de um romance contemporâneo timorense para entendermos como uma cultura como a de Timor-Leste articula elementos de sua tradição em diálogo com traços da (suposta) modernidade globalizada. Observamos, em suma, elementos de uma cultura que privilegia valores da diversidade em articulação com elementos externos, mas sem deixar os traços que caracterizam a cultura local, sobretudo na articulação de significações diversas, assim como no plano de expressão que delimita ou amplifica a identificação de línguas externas, nacionais ou locais, em ambos os discursos examinados.