O lugar dos arquivos na memória e na história do processo de autodeterminação de Timor-Leste
Zélia Pereira Centro de Estudos Sociais - Universidade de Coimbra (CES-UC), PORTUGAL
A história do processo de autodeterminação de Timor-Leste e da luta do seu povo pela independência depende, em larga medida, do conhecimento dos materiais relevantes detidos em instituições arquivísticas, bibliotecas, museus e outros espaços de memória.
Nesta apresentação pretendemos destacar, para o período entre 1974 e a independência do território em 2002, o poder dos arquivos na investigação e conhecimento de aspetos tão diversos como os relacionados com a memória, a identidade, a cultura, o património, os direitos humanos, a justiça social e as narrativas ou contra-narrativas políticas.
Para o efeito, faremos uma incursão pelos arquivos que, em Portugal, oferecem informação de relevo para o estudo do período indicado, enumerando algumas instituições e materiais disponíveis, colocando em análise a problemática das restrições ao seu acesso ainda existentes, equacionando o problema do direito à informação e ao conhecimento do passado por parte de comunidades como a timorense.
Situar-nos-emos no campo teórico da Arquivística e das mais recentes propostas de abordagem dos arquivos a partir de conceitos como o de Multiverso Arquivístico e o de Arquivos de Comunidade, com o objetivo de fomentar a discussão sobre como providenciar um melhor conhecimento sobre a história de Timor-Leste e um acesso plural à mesma, expandindo e tratando de forma holística a representação da informação, e questionando teorias e práticas clássicas menos inclusivas de dimensões que se situam além dos tradicionais registos escritos.