O Papel da Igreja Católica no Processo de Independência de Timor-Leste

Maria José Garrido Jornalista

Quando em 1996, José Ramos-Horta recebe o Prémio Nobel da Paz juntamente com o bispo de Díli Carlos Ximenes Belo, o então porta-voz da resistência no exterior, lembra a importância da Igreja Católica na luta do povo: “O povo de Timor-Leste deve quase tudo à sua Igreja. Por isso, o Prémio Nobel da Paz de 1996 é um tributo para toda a Igreja, padres corajosos, freiras, trabalhadores leigos e o povo de Timor-Leste”. É hoje reconhecido que ao longo de mais de 20 anos de ocupação indonésia, a Igreja Católica teve um papel destacado na luta contra o ocupante. Esta comunicação pretende dar conta desse contributo num território onde a catolização não chegava a 30%. Procura também respostas para o facto dos religiosos terem assumido um papel político e revela de que forma a rede da Igreja no mundo foi útil no processo de independência. A investigação foi realizada ao longo de 2 anos com entrevistas a muitos protagonistas e pesquisa junto de duas fontes documentais: o arquivo do CIDAC e o da Fundação Mário Soares.
Do estudo que realizámos, concluímos que a intervenção da Igreja não foi igual ao longo dos anos. Começou por ter um papel de proteção para passar a ser um agente ativo na denúncia da violação dos direitos humanos, acabando mesmo por ter uma acção de intervenção e colaboração com a resistência na luta pela independência ao mesmo tempo que tentou sempre a mediação e reconciliação.