Casa dos Estudantes do Império e a formação de elites políticas transnacionais

Camila Tribess Universidade Federal da Bahia (UFBA), BRASIL

As relações entre Timor-Leste e as demais colônias portuguesas em África deram-se durante todo o período colonial. No final da década de 1960 e até meados da década de 1970 a Casa dos Estudantes do Império (CEI) teve um papel de destaque nessas relações. Ali os jovens estudantes timorenses têm contato com as ideias de esquerda revolucionárias, e são influenciados pelos pensamentos da juventude africana ligada às lutas de libertação em Moçambique, Angola, Cabo Verde e Guiné Bissau (ALKATIRI, 2015; DA SILVA, 2009 e 2011). Apesar da CEI estar situada no centro do poder colonial e ter sido pensada como local de formação de elites favoráveis aos ideais imperialistas lusitanos (CASTELO, 2011), na prática, seu papel foi o da formação de esquerda desses jovens, que se tornariam dirigentes e parte da elite política de seus países. Como lugar de troca de ideias, fomento cultural e engajamento intelectual entre lideranças de diversos territórios, a CEI torna-se um espaço de tessitura do pensamento de fronteira (GROSFOGUEL, 2008), mobilizando também a solidariedade transnacional entre estes jovens. Utilizando como material de análise entrevistas, biografias e documentos históricos, este trabalho busca compreender a forma que se deram essas relações e a importância desta socialização na CEI para a formação da elite política timorense da década de 1970.

Keywords: Timor-Leste, Pensamento de Fronteira, Lutas de Libertação Nacional, Casa dos Estudantes do Império