Konferénsia Internasionál TLSA-PT

Timor-Leste:Rai-kotun no Raiklaran

7 – 11 Setembru 2020Konferénsia Online

Em diálogo com o Timorense

Isabel Barros Dias Universidade Aberta (UAb), PORTUGAL

As páginas iniciais e de enquadramento do livro Um Cancioneiro para Timor integram um interessante diálogo entre um “Eu” e um “Ele”, que percebemos tratar-se de uma projeção do autor e do denominado “timorense meu amigo”. Este último irrompe como uma aparição e confronta o poeta questionando as suas opções relativamente à composição do livro, num diálogo que possivelmente não estaria nas primeiras versões da obra. A um outro nível, os poemas que compõem o livro parecem dialogar com textos timorenses então recolhidos, os cancioneiros aos quais é feita referência na Introdução (Um Cancioneiro para Timor, 1996: p. 47). No quadro do Projeto “Ruy Cinatti, etnógrafo e poeta” (FCG, nº P226421), foram realizadas pesquisas no espólio deste autor, tanto na Biblioteca João Paulo II da Universidade Católica, como no Museu Nacional de Etnologia. No decurso dessas buscas foram identificados alguns textos datilografados e manuscritos com recolhas de dísticos em bunak, traduzidos para o português, textos estes que poderão coincidir, pelo menos em parte, com os cancioneiros a que Cinatti se referiu. Assim, propõe-se um estudo comparativo entre os dísticos timorenses e a poesia de Um Cancioneiro para Timor com vista a caracterizar o diálogo poético que Cinatti estabelece com os textos recolhidos. A comparação será triangulada mediante a consideração do diálogo introdutório entre o poeta e o timorense, de caráter teórico e reflexivo sobre a obra poética realizada.