"O nacionalismo anti-colonial”: FRETILIN entre marxismo e catolicismo
Martinho G. da Silva Gusmão Departamento de Filosofia - Instituto Superior de Filosofia e de Teologia Dom Jaime Garcia Goulart (Departamento de Filosofia-ISFIT), TIMOR-LESTE
Desde a sua fundação em 1974, Nicolau Lobato declarou que “a FRETILIN é um movimento emancipalista que reúne todos os nacionalistas anti-colonial”. A ideia de nacionalismo anti-colonial não é uma nova ideologia, mas a “terceira via” depois do nacionalismo liberal e nacionalismo conservador. Ele falou sobre “[...] um povo que surge do desumano sistema colonial”, e a defesa intransigente de independência daquele que percebe o sistema do opressor ou ocupante. Já nos primeiros dias, ASDT/ FRETILIN foram acusados de “o papão do comunismo”.
Na verdade, Ben Anderson afirmou que “o nacionalismo provou ser uma anomalia desconfortável para a teoria marxista e, precisamente por esse motivo, foi amplamente elidida, em vez de confrontada”.
É interessante assinalar que, segundo Mário Lemos Pires “Numa população em que a esmagadora maioria é analfabeta, [...] A igreja católica tinha grande implantação e exercia muita influência nas populações. [...] e é de assinalar que grande parte dos dirigentes políticos se formou em colégios católicos [...]”.
Nicolau Lobato era e é um perfil emblemático na convergência entre catolicismo e marxismo em prol da formação pela “fiar política” FRETILIN como nacionalismo anti-colonial. Os conceitos “redenção-libertação”, “unidade-paz”, “esperança”, “verdadeira liberdade”, “a Verdade que nos salva e liberta” têm origem na filosofia tomista. O seu vocabulário marxista, por exemplo, “opressor”, “ocupante”, “nação oprimida”, “povo oprimido”, “princípios justos, métodos corretos” (maoista), “a prática é o critério da verdade”, “consciência revolucionária”, “prática revolucionária”, “vigilância revolucionária”, “exploração do homem pelo homem” etc. Portanto, ele é um marxista-religioso.
Keywords: catolicismo, colonialismo, FRETILIN, nacionalismo anti-colonial, marxismo.