Konferénsia Internasionál TLSA-PT

Timor-Leste:Rai-kotun no Raiklaran

7 – 11 Setembru 2020Konferénsia Online

A realidade como espelho da ficção

Paulo Nóbrega Serra Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias - Faculdade de Letras - Universidade de Lisboa (CLEPUL-FC-UL), PORTUGAL; Projecto Formar, Orientar, Certificar e Otimizar - Centro de Língua Portuguesa - Universidade Nacional Timor Lorosa'e - Camões-Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. (FOCO.UNTL-Camões I.P.), TIMOR-LESTE

Neste trabalho recupera-se a importância do realismo mágico e o seu importante contributo para uma renovação da ficção produzida em países emergentes. O realismo mágico é definido pela intervenção do maravilhoso numa narrativa realista, onde os acontecimentos extraordinários não procuram surpreender, sendo aceites de forma natural, como parte integrante da realidade. Realiza-se um levantamento da presença deste fenómeno literário na ficção narrativa de Luís Cardoso, exemplificado pela presença de elementos oníricos que produzem uma contaminação do maravilhoso próxima do realismo mágico. Essa questão pode ainda ser objectivada através da análise de diversos aspectos textuais, nomeadamente na intertextualidade estabelecida com o texto bíblico, mitos locais e folclore popular. Promove-se uma leitura atenta da representação da realidade timorense na ficção cardosiana e da figuração de simulacros da cosmogonia nativa ou do recurso à simbologia de elementos de relevo na cultura autóctone.
Através dos romances do autor, os leitores podem adentrar-se nas vivências, crenças e tradições de Timor-Leste, onde a magia doméstica dos espíritos ancestrais faz parte das vivências diárias dos timorenses. Porque a singularidade e inovação da ficção narrativa de Luís Cardoso reside também no diálogo próprio ao realismo mágico, onde se conciliam mundos opostos: tradicional/moderno; colónia/país recém-nascido; maravilhoso/real; ontem/amanhã.

Palavras-chave: Luís Cardoso, real(ismo), ficção narrativa, realismo mágico